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Aproxima-se mais um momento eleitoral, desta feita legislativo. Mais uma vez, os jogos e as movimentações dentro dos partidos e à sua volta marcam o dia-a-dia de milhares de pessoas que direta ou indiretamente serão impactadas pela construção das já muito famosas listas de candidatos a deputados.

Se quisermos falar sobre este tema de uma forma genérica, podemos pôr em causa a legislação eleitoral que, na minha perspetiva, com o modelo em uso, não garante uma efetiva proximidade e identificação do nosso voto com quem estaremos a eventualmente eleger. Por outro lado, podemos tentar analisar como as lideranças partidárias vão gerindo, conforme os seus mais pessoais e diretos interesses, as construções destas listas.

No caso concreto do concelho de Cantanhede, tendo em conta o histórico recente, devo infelizmente constatar que aquilo que há uns anos tenho vindo a defender se tem verificado de uma forma cada vez mais consolidada. Tenhamos em linha de conta que existem múltiplas formas de definir os parâmetros que ajudaram a construir as ditas listas, mas infelizmente continuamos a não conseguir, seja lá esse modelo qual for, fazer valer os nossos interesses enquanto concelho, enquanto território com as suas características muito próprias.

Para que não pensem que estou a atacar seja lá que força partidária for, gostaria de deixar desde já claro que a minha preocupação é apenas perante o quase deserto que mais uma vez vai existir em termos de representantes de Cantanhede nessas diversas listas! Tendo em conta a minha identificação partidária, conhecida de todos ou pelo menos da grande maioria dos leitores, e por uma questão de cortesia, passaria a descrever a minha interpretação do oitavo lugar proposto ao Dr. João Moura na lista da AD, pelo círculo de Coimbra.

Ilustre figura da cena autárquica cantanhedense, Dr. João Moura foi Presidente da Câmara de Cantanhede durante 12 (longos) anos. É hoje presidente da Assembleia Municipal de Cantanhede, além de outros importantes cargos que ocupa em múltiplas esferas de ação na comunidade. Apesar de exageradamente sucinta, esta brevíssima descrição do Dr. João Moura enquanto político, não deveria ser suficiente para que a força partidária que representa, o tivesse em melhor consideração e lhe disponibilizasse um lugar bem mais interessante que o atual oitavo?!

Sem querer meter a minha “foice em seara alheia”, julgo que esta é claramente uma situação em que percebemos a notoriedade e o peso político, e não só, que Cantanhede tem, nos dias de hoje, nas hostes dos partidos que compõem a AD. Julgo até que esta posição proposta ao Dr. João Moura, além de não o dignificar a ele, não dignifica o partido de que ele já foi vice-presidente (nos tempos do Dr. Rui Rio), nem as gentes que dão a cara por ele. Neste particular, não tenho qualquer tipo de problema em dizer que, visto de fora, o PPD e o CDS não se portaram bem, nem com João Moura, nem com Cantanhede.

Apesar de tudo isto, há uma perspetiva que não nos deverá escapar. Se, pelo lado pessoal, a decisão de não aceitar esta proposta da AD de Coimbra faz todo o sentido pelo desadequado que é, também provoca um vazio na representatividade de Cantanhede nas listas da dita força política. Este é um daqueles casos em que a posição pessoal foi, em detrimento da posição da comunidade, claramente prioritária na tomada de decisão. E assim se perdeu uma oportunidade para fazer o caminho de voltar a granjear o peso político que se tem perdido nos últimos anos em termos regionais e nacionais…

Passando da área direita do espectro político para a esquerda, falando concretamente do PS, infelizmente também não tenho razões para grandes e positivas análises. Repare-se que depois de Maria do Céu Lourenço e de Cristina de Jesus, curiosamente (ou não), duas ex-candidatas a presidente de Câmara de Cantanhede terem sido deputadas na Assembleia da República, este será mais um momento eleitoral legislativo em que Cantanhede não terá nenhum representante em lugar de destaque (décimo lugar), o que, aliás, tem sido o “normal” nas últimas décadas. Digo isto com mágoa pois, da mesma forma que considerei atrás que “o PPD e o CDS não se portaram bem, nem com João Moura, nem com Cantanhede.”, não posso deixar de partilhar exatamente a mesma opinião sobre o comportamento do PS Coimbra em relação a Cantanhede.

No contexto de centro direita, o facto de o PPD estar no poder autárquico cantanhedense há cerca de três décadas não foi devidamente valorizado pela estrutura distrital e nacional. Em relação ao contexto socialista, o argumento, naturalmente que não sendo o mesmo, não tem, por isso, menos importância, senão vejamos. O Partido Socialista de Cantanhede continua a atravessar o deserto no que ao poder autárquico diz respeito. Passou por algumas fases complexas, internamente falando, mas nunca, repito, nunca, deixou de ser o terceiro maior fornecedor de votos (“legislativos”) do PS no distrito de Coimbra! Ultrapassado apenas pelo concelho de Coimbra e da Figueira da Foz!

Quanto aos restantes candidatos a deputados na AR pelas restantes forças partidárias, naturalmente que vão fazendo o seu caminho, pelo que lhes deixo aqui os meus sinceros votos de que sejam capazes de representar devidamente o concelho de Cantanhede, em mais um momento alto de prática democrática.

Não vou ser hipócrita e dizer que não vou fazer campanha pelo partido que represento. Vou fazer a campanha que achar adequada. Fundamentalmente vou fazer tudo por tudo para que, por essa via, consiga sensibilizar o máximo de pessoas que com o seu voto (preferencialmente no PS) poderão ajudar a desenvolver condições para que Cantanhede volte a ser o que em tempos já foi.

Cantanhede e as suas gentes terão de ter a capacidade de gerar dinâmicas positivas na gestão do que são os seus interesses! Cantanhede e as suas gentes terão de ter a capacidade de perceber e priorizar o grupo em detrimento do individual! Cantanhede e as suas gentes terão de ter a inteligência de conseguir construir um novo espaço de destaque no litoral do distrito e a liderança desse território terá de ser sua! Cantanhede e as suas gentes têm que, sem equívocos, sem dúvidas de qualquer espécie, se assumirem como uma das principais forças motrizes deste distrito! Cantanhede terá de voltar a ter o peso, político e não só, que em tempos já teve!

Cantanhede e as suas gentes terão de ter a capacidade de criar um novo e forte conceito de comunidade, que hoje não tem!

Por tudo isto,

Por Cantanhede, por Portugal, vote!

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