Passavam alguns minutos das 14:00 de ontem quando o primeiro-ministro, Dr. António Costa, confirmou o que todas as cadeias televisivas já tinham antecipado. Apresentou a demissão do cargo ao Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. O contexto deste pedido de demissão é um contexto complexo e grave num estado de direito como é Portugal. É um contexto de, em última instância, dúvida sobre a viabilidade da democracia que temos vindo a construir desde 25 de Abril de 1974. É um contexto em que se coloca em causa muitos dos valores que enquanto sociedade civilizada e desenvolvida socialmente, que por isso mesmo rejeita valores e conceitos que são contrários à liberdade, fraternidade, equidade e respetivo desenvolvimento consolidado e sustentado em valores humanistas, temos vindo, enquanto nação, a desenvolver. Por isto não tenho grandes dúvidas em considerar que a demissão de António Costa é uma boa decisão. É uma boa decisão por uma simples razão, que por ele foi elencada como a principal, para esta tomada de decisão. A incompatibilidade entre qualquer tipo de suspeita de ato ilícito e o cargo de primeiro-ministro. Perante este cenário, não percamos de vista um facto que ninguém pode esquecer, o futuro será decidido pelo Sr. Presidente da República, quer na forma, quer na substância da solução a encontrar para o país!
Naturalmente que muitos poderão dizer que existe um contexto político que poderá levantar outro tipo de questões que são muito mais complicadas do que eu estou a tentar dar a entender, e que por isso mesmo deverão ser analisadas de uma forma muito mais esmiuçada… Pois bem, não querendo ser advogado, nem do diabo, nem de ninguém, porque não estudei direito, o que eu prevejo é que agora é que vão aparecer todos os que, de uma forma mais interessada ou menos preocupada, vão fazer uso de muitas ferramentas cuja legitimidade de utilização deverá ser questionável. Este vai ser o momento em que os defensores das teorias que toda a gente gosta de ouvir, terão muito provavelmente terreno fértil para tentar fazer florescer as suas sementes ideológicas. Desculpem-me, nesse tabuleiro não contarão com a minha participação!
Aliás, sendo realista e prudente, o único tabuleiro em que poderei ter uma intervenção suficientemente pertinente continua a ser o tabuleiro que eu mais prezo e estimo, o tabuleiro da comunidade em que estou inserido, o concelho de Cantanhede. Relembro que Cantanhede tem alguns desafios que urge resolver, ou pelo menos, começar a encontrar as respetivas soluções e, dado o meu contexto particular, será normal que o telefone vá tocar um pouco mais nos próximos dias. Quem já por aqui andou, sabe que “as espingardas são sempre contadas antes de ir para a batalha” e por isso mesmo, quando alguém, no PS, quiser contar com as espingardas de Cantanhede terá de responder a uma série de questões que continuam por ser esclarecidas… Esta será sempre a minha luta. A luta da articulação entre os valores preconizados pelo partido do qual sou militante, com cujo ideário me identifico absolutamente, e os superiores interesses da comunidade que represento. Para terminar, voltando ao António Costa, apenas digo que fez o que tinha de ser feito e que estarei atento às cenas dos próximos episódios…
Imagem de capa: Photo/Map: Arne Müseler / arne-mueseler.com / CC-BY-SA-3.0
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