É o momento em que todos, sem exceção e em total igualdade de circunstâncias, assumem qual é a sua opinião sobre o que deverá ser o seu destino! Haverá algo mais sublime do que isto?
Apesar desta nota introdutória, devo também assumir que considero que existem momentos mais e menos interessantes para se organizarem estas “festas da democracia” que são as eleições, mas uma coisa tenho certa para mim: independentemente das circunstâncias e dos contextos que em conjunto levam ao momento de decidir, o que não seria de todo aceitável era haver eleições a menos!
Ontem tivemos inquestionavelmente um episódio de qualidade muito duvidosa no nosso Parlamento, mas não creio que devamos olhar para a árvore, quando atrás dessa árvore está a floresta. Para mim, fica claro que existem mais vantagens que desvantagens na convocação de eleições antecipadas neste momento, senão vejamos: imaginemos que o PS votaria abstenção na moção de confiança.
Como seria o dia seguinte a essa votação? Não tenho dúvidas nenhumas que seria o primeiro de, provavelmente, poucos dias de uma paz podre, que não nos levaria a um desfecho muito diferente do que temos hoje.
O nosso primeiro-ministro, tendo alimentado este processo de uma forma exageradamente sustentada em conceitos de tacticismo partidário e até de alguma sobranceria, criou as condições para aqui chegarmos, e não será por dizer muitas vezes que a responsabilidade é do PS que esse ensejo do primeiro-ministro se concretizará como realidade! A responsabilidade foi exclusivamente dele!
Montenegro demonstrou-nos, com a sua inabilidade para gerir este processo desde o seu início, que a aposta na gestão de jogos palacianos, normalmente, quando não efetuada por especialistas, costuma acabar mal! Ou não…
Não vai ser com a tentativa de moldar a informação e de gerir os fluxos da mesma que se vai conseguir esconder a verdadeira responsabilidade deste processo e do desfecho que todos conhecemos hoje. Aliás, essa é uma metodologia que, no nosso quintal, já é sobejamente conhecida. Basta recordarmos as múltiplas notícias de investimentos levados a cabo pela Câmara Municipal de Cantanhede, sem identificar que os fundos são ou europeus ou do estado central… Informação à medida de quem a divulga…
Segundo alguns estudos de opinião, cerca de 70% da população não deseja novas eleições. Pois bem, seria então interessante perguntar ao nosso primeiro-ministro porque não aceitou a CPI nos termos propostos pelo PS?!
Achamos normal que um potencial inquirido exija definir os termos e as regras, bem como os respetivos prazos dessa mesma inquirição?! E o que dizer daquele triste episódio de Hugo Soares a tentar uma conversa à porta fechada para fazer o que nunca quiseram fazer em público?!
Agora, chegou o tempo em que termos como radicalização ou intransigência serão levados a um extremo que se tornará quase insuportável. Agora, chegou o tempo em que todos irão ter uma opinião formada sobre quase tudo, mesmo aqueles que tão silenciosos têm estado no passado recente. Agora, chegou o tempo de registarmos a total e absoluta inabilidade (ou não) do Dr. Luís Montenegro para gerir este processo que nos trouxe até aqui. Agora, vai ser tempo de eleições… Adoro eleições!