“Foi em setembro que te conheci…”. Não, não sou o Victor Espadinha, nem tampouco sofro de alguma paixoneta de meia-idade, apenas me lembrei deste trecho da canção “Recordar é viver,” eternizada pelo músico romântico. A lembrança teve como base o facto de ter sido em setembro de 2023 que comecei a colaborar com a Reconhecer o Padrão. Desde então, tenho tentado manter uma regularidade na produção dos textos – o que, se não aconteceu completamente, permitiu-me, pelo menos, partilhar algumas das minhas opiniões e interpretações de questões do nosso quotidiano.
O Jaime [Oliveira], fundador da revista, pediu-me para eu dar um retorno sobre a publicação e a forma como tem sido (ou não) uma ferramenta de desenvolvimento da capacidade crítica da comunidade. Pois bem, a minha resposta está intimamente ligada a uma expressão que muitas das pessoas que me estiverem a ler, e mesmo as que me são mais próximas, não reconhecerão: intervenção provocatório-social.
Este desconhecimento tem, fundamentalmente, duas razões de ser. A primeira relaciona-se com o facto de ter sido uma expressão que encontrei nas minhas reflexões, há algumas décadas, e que nunca foi tornada pública, nem partilhada com os meus mais próximos. Num segundo plano, esta intervenção estará sempre ligada a uma fase específica da minha vida em que o idealismo liderava quase todas as minhas ações comunitárias.
No fundo, o que se deve entender como intervenção provocatório-social é nada mais nada menos que a concretização de ações na sociedade, rumo a um desenvolvimento nas áreas social e intelectual. Devo realçar que não se trata da análise de um especialista, seja do que for, mas apenas da interpretação de um inveterado romântico, apaixonado pela comunidade e por tudo o que a possa ajudar a acelerar!
A Reconhecer o Padrão é, para mim, uma lança em África. Com as suas dezenas de contribuidores, que trazem opiniões diversas sobre variados temas, é um caso único de intervenção provocatório-social! A maratona começa sempre com um primeiro passo.
Sem qualquer tipo de bajulação, julgo ser de primária justiça parabenizar o Jaime e a sua equipa por terem tido a coragem e o arrojo de ter assumido essa missão. Certamente, outros desafios surgirão pelo caminho, mas, com a irreverência da juventude e o estímulo de todos os que a acompanham, saberão dar as respostas adequadas para os tempos vindouros desta publicação e, fundamentalmente, da comunidade em que todos estamos inseridos.
Os 50 anos do 25 de abril de 1974 estão à porta, e, como já em tempos defendi, essa será sempre uma data sobre a qual deveremos refletir, pelos valores que esse dia encerra e pelos desafios e sonhos que, nessas 24 horas, tiveram o seu terreno fértil para plantação das respetivas sementes. Tudo o resto deverá ser reflexão, partilha, debate e até, porque não assumi-lo, combate político de ideias que começou no dia 26 de abril de 1974.
Passadas quase 5 décadas, a Reconhecer o Padrão poderá – e deverá – ser mais um móbil para que as conquistas de abril se mantenham atuais e projetadas num futuro que se quer de todos, com todos e para todos! Um obrigado à equipa da Reconhecer o Padrão.
Pintura de capa por Vladimir Makovsky
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