Como a Câmara do Comércio da Região das Beiras vê este binómio e como pensa cativar os jovens, o futuro deste país, deste interior, deste pulsar Portugal? O Centro de Portugal, região também conhecida como As Beiras (interior e litoral), possui características que podem ser vistas como tanto desertificadas, quanto de alta intensidade no interior.
Por um lado, a região das Beiras tem enfrentado problemas de desertificação, ou seja, a diminuição da população residente e o envelhecimento da população que ainda vive na área. Muitos jovens têm deixado o interior em busca de oportunidades de emprego e uma vida urbana mais agitada nas grandes cidades. Isso levou ao esvaziamento de algumas vilas e aldeias, com consequente diminuição das atividades económicas locais, como o comércio e a agricultura.
Por outro lado, o interior de alta intensidade refere-se à presença de atividades económicas intensivas e dinâmicas nas áreas rurais e pequenas cidades. Apesar dos desafios consequentes da desertificação, algumas áreas do interior têm conseguido desenvolver e manter indústrias e setores estratégicos importantes, tais como, turismo, agroindústria, energia renovável e tecnologia.
Há cada vez mais investimentos em turismo rural, com a criação de unidades de alojamento e atividades relacionadas com o património natural e cultural da região. Além disso, a agricultura e agroindústria têm sido revitalizadas, com a implementação de novas técnicas e modelos de negócio, aproveitando a riqueza dos recursos naturais da região. A instalação de parques eólicos e solares tem também trazido empregos e atividade económica para o interior.
Embora o desafio da desertificação ainda esteja presente, o Centro de Portugal revela potencial para se reinventar e desenvolver atividades económicas sustentáveis, no interior. Essa dualidade entre desertificação e alta intensidade torna a região das Beiras numa área de grande interesse e relevância, no contexto português.
Enquanto presidente da Câmara do Comércio da Região das Beiras, tenho acompanhado, de perto, o binómio então exposto. Para cativar os jovens e tocarmos no cerne da questão, é fundamental criar boas condições de emprego e de vida. É necessário criar medidas que permitam aos jovens ter acesso a empregos de qualidade, bem remunerados e socialmente relevantes. Além disso, é fulcral ter uma oferta cultural e de lazer de qualidade, de forma a permitir que os jovens possam ter uma vida social ativa, e uma oferta formativa e cultural à medida.
Outra das medidas importantes para cativar os jovens é a aposta na inovação e na tecnologia. É importante que sejam criados espaços de ‘coworking’ e incubadoras para ‘startups’, para incentivar o empreendedorismo e o desenvolvimento de novos negócios na região. Desta forma, poderemos criar postos de emprego e atrair jovens talentos para a região, dando aos que ainda cá estão a oportunidade de se valorizarem.
Por fim, é fundamental promover uma oferta turística adequada que permita aos jovens descobrir a região e as suas potencialidades. A região das Beiras tem um património natural e cultural único, que deve ser explorado e promovido, com vista a atrair visitantes e a fomentar o desenvolvimento da economia local. Neste sentido, a Câmara do Comércio da Região das Beiras está a trabalhar, em conjunto com outros atores regionais, para criar uma estratégia de desenvolvimento sustentável e inclusivo que permita uma maior atratividade da região junto das novas gerações.
Ana Correia
Pintura de capa por Joseph Ropes
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