Vou arriscar e sair um pouco do chamado padrão da sociedade. Como é do conhecimento de alguns, os jovens de hoje fazem de tudo para se sentirem integrados, e, para tanto, são capazes de abdicar dos seus princípios e de si mesmos, na verdade. Tudo para fazer parte de um grupo, de um círculo, de uma gangue… o que lhe preferirem chamar.
Mas no que se estão a tornar os nossos jovens? Num bando de cabotinos? Em robôs? Em moldes da sociedade? A personalidade e o caráter vão mudando, felizmente, ao longo de todo o nosso trajeto neste mundo, senão seríamos um bando de teimosos ignorantes. No entanto, o que está a acontecer é quase, senão mesmo, uma manipulação das massas, para a qual as redes sociais, a moda, e quase todos os meios de comunicação estão a contribuir.
Acontece a quase todos os jovens vestirem a roupa x ou y apenas porque aquela pessoa na qual estão interessados pode gostar. E começa assim, para além das outras formas, desde muito novos, a anulação pessoal em prol dos gostos dos outros. Isto, de uma forma ou de outra, contribui para uma padronização.
Temos o caso das redes sociais, que é o que mais me irrita. Difícil encontrar um/a jovem que hoje em dia não publique um ‘stories’ no Instagram sempre que sai de casa, sempre que vai jantar fora, sempre que está numa discoteca, ou seja, todos publicam apenas os momentos felizes e perfeitos. Estamos a caminhar para uma ideologia em que a nossa vida deverá ser sempre perfeita, linda, cheia de riqueza, e, a partir disto, nascem as doenças associadas, como a ansiedade, seja ela de que tipo for, e os défices de atenção diagnosticados no Google, o PHDA, que viraram moda.
Existem praticamente apenas dois tipos de vida nas redes sociais. Primeiro, há aquela pessoa que vive nos restaurantes, nas zonas VIP das discotecas, na “farra”. Todos nós temos aquele amigo/a que tem uma foto ao volante de um Mercedes que não conduz, compreendem o tipo? É mesmo aquele/a que tenta demonstrar uma vida de ostentação, apenas para que os outros vejam, como se costuma dizer na minha terra, “faz tudo para inglês ver”. Depois, existe ainda aquele/a que tem ‘stories’ com frases tristes e músicas funestas, aquele/a que publica ‘stories’ com lágrimas na cara; isto é também uma forma de se integrarem, pois sabem de antemão que alguém lhes vai responder, e dessa forma vão ter a atenção desejada, vão se sentir parte do grupo.
Tudo isto é uma questão de educação. Esta geração cada vez recebe conselhos mais pobres, em menor quantidade, e com menos atenção. Talvez seja culpa desta crise mundial, que rouba o tempo dos pais com horas de trabalho necessárias para encher a mesa de jantar. Já para nem falar daquelas pessoas que não nasceram para ser pais de ninguém.
Estas pessoas que tentam atrair a atenção das outras com sofrimento, ostentação, ou o personificar outras pessoas, principalmente famosos, foram as principais assassinas da originalidade e pensamento crítico. O “pensar pela própria cabeça” morreu, e digo isto com muita tristeza. Hoje em dia ninguém pensa por si. Vão ao Google, porque é mais fácil. Nas eleições, votam nos amigos, nos mais giros, ou nos que falam mais alto nos debates o que eles defendem ou propõem. O que é realmente importante passa-lhes ao lado… Toda a sociedade está meticulosamente estereotipada, e então nem se preocupam a verificar por si mesmos se as pessoas são aquilo que dizem delas, aceitam como ovelhinhas padronizadas que são.
E, claro, atentos a estes pormenores estão os extremistas, sejam de direita ou de esquerda, que se aproveitam deste povo, jovens e velhos, para produzir discursos que eles querem ouvir e subir ao poder. Não sejam ovelhas, por favor, desconfiem do mundo, como desconfiam das contas ‘fakes’ nas redes sociais.
Voltando à questão de doenças como ansiedade de vários tipos, os défices de atenção, o PHDA, entre outras que eu já nem acompanho, caímos no ridículo. Muitas pessoas que recorriam a chamar à atenção das outras com sofrimento, com ostentação, seja com o que for, passaram a recorrer a estas doenças para poderem atrair ainda mais atenção. Obviamente que não são todos os casos, máximo respeito por quem é realmente vítima destas doenças cruéis! Mas vemos que uma sociedade está podre e realmente doente quando as pessoas se destacam pelas doenças.
Termino com um pedido a toda a sociedade: pensem por vocês mesmos! Não tenham medo do que os outros vão achar, e lembrem-se que não precisam da aprovação dos outros para expressarem a vossa opinião, os vossos gostos, etc… Não façam porque o outro faz! Façam porque vocês realmente querem! E não usem as redes sociais, ou a moda, para se moldarem enquanto pessoas. Os gostos dos outros não são os vossos, e a roupa que vocês vestem não vos define!
Pintura de capa por Rosa Bonheur
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