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Em Portugal, à semelhança do que acontece em muitos outros países, o Dia dos Namorados, ou de São Valentim, comemora-se a 14 de fevereiro. Para alguns, este dia é uma oportunidade de demonstrar carinho e afeto à sua “cara-metade”, para outros, uma desculpa para passar tempo de qualidade com os que mais amam. Há também aqueles que detestam esta data, porque terminaram recentemente um relacionamento, estão cansados da vida de solteiros ou porque consideram esta uma tradição parva, superficial ou puramente capitalista.

Há múltiplas formas e perspectivas de ver esta data simbólica, que se comemora também de formas diferentes em diversas culturas. Do mesmo modo, cada casal tem, ou não, as suas tradições anuais. Mais importante do que aquilo que acontece num dia, no entanto, é o que se passa nos outros 364 dias do ano. Um relacionamento que se quer funcional e saudável requer tempo de qualidade e demonstrações de carinho e afeto de forma contínua e constante, e não apenas em datas esporádicas e muito específicas.

Se este tipo de evento ou situação é uma boa forma de quebrar a rotina, é também importante que haja um esforço consciente por parte dos elementos que compõem o casal para manter a “chama acesa”. Fazer planos diferentes, conversar com o outro, partilhar o dia a dia de forma genuína, praticar a empatia e a escuta ativa, fazer algo pela outra pessoa, ser carinhoso, oferecer presentes, ser amigo e demonstrar afeto, entre muitos outros exemplos, são tudo formas ou linguagens de amor que devemos incluir no nosso quotidiano para nutrir os nossos relacionamentos (sejam eles os tradicionais ou tipicamente “amorosos”, ou não).

Se hoje em dia as relações amorosas são, tipicamente, mais curtas, isto deve-se a uma panóplia de fatores socioculturais complexos. Certamente o estilo de vida frenético que experienciamos e nos é imposto atualmente não ajuda a construir e manter relações íntimas, profundas, e duradouras. Estas dão trabalho, e, se estamos consumidos, cognitiva e emocionalmente, com todas as responsabilidades dos nossos outros contextos de vida, nomeadamente o profissional, fica complicado ter espaço mental para dedicar ao amor. Mas esta é também uma escolha que depende, em grande parte, de cada um de nós.

Cada vez mais empresas valorizam o equilíbrio entre a vida profissional e familiar, e cada vez a sociedade está mais consciente da importância do autocuidado e de questões de saúde mental. Tudo isto poderá vir a contribuir, quero eu acreditar, para relacionamentos mais saudáveis e sustentáveis a longo prazo.

Para terminar: caros leitores, se vão celebrar o Dia dos Namorados de alguma forma, divirtam-se. E, atenção, essa celebração pode ser com amigos, família, animais de estimação, ou connosco mesmos. Porque, se virmos esta data como o dia do amor, este tem diversas formas de manifestação, e o amor-próprio não deve ser visto como o parente pobre dos restantes. Caso o plano seja nenhum, ou seja, viver este dia como qualquer outro, divirtam-se também. E se o plano for ficar no sofá a ver um filme lamechas com um balde de pipocas à frente, força nisso!

Também é importante experienciar emoções menos agradáveis e até desconfortáveis de vez em quando, entregarmo-nos a elas tal como fazemos com as outras emoções. Não temos (nem devemos) de estar superfelizes e contentes o tempo todo. E estas datas, supostamente festivas, podem ser desafiantes por diversos motivos, o que significa que, mesmo que pareça que toda a gente, menos vocês, está a celebrar, certamente não estarão sozinhos no sofrimento ou frustração. Desejo que experienciem este Dia dos Namorados, e todos os outros, com amor!

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