Customize Consent Preferences

We use cookies to help you navigate efficiently and perform certain functions. You will find detailed information about all cookies under each consent category below.

The cookies that are categorized as "Necessary" are stored on your browser as they are essential for enabling the basic functionalities of the site. ... 

Always Active

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

No cookies to display.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

No cookies to display.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

No cookies to display.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

No cookies to display.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

No cookies to display.

A maternidade vista por uma gen Z

"Como jovem mulher questiono-me frequentemente se um dia gostaria de ser mãe. E a resposta a esta pequena grande pergunta, que encerra em si tantas outras, não tem sido fácil.

Tempo de leitura: 4 minutos

Como jovem mulher questiono-me frequentemente se um dia gostaria de ser mãe. E a resposta a esta pequena grande pergunta, que encerra em si tantas outras, não tem sido fácil.

Primeiro, conseguirei lidar de forma positiva com a gravidez? Todo o processo, com todas as mudanças físicas e psicológicas que lhe estão associadas, exames médicos, etc., é algo que me parece verdadeiramente assustador. Este estado de graça não deve ser nada engraçado,já para não falar do parto em si. Isto partindo do pressuposto que tanto eu como a criança não teremos problemas de saúde maiores, o que pode sempre acontecer e parece nem entrar na equação de muita boa gente.

Segundo, será que quero mesmo trazer uma criança a este mundo? Alterações climáticas, guerras, pandemias, crises socioeconómicas umas a seguir às outras, instabilidade política, ódio e intolerância por todo o lado nas redes sociais, cada vez mais problemas de saúde mental, etc… Não fico muito entusiasmada com a ideia de que uma criança minha tenha de viver com tudo isto a acontecer à sua volta.

Terceiro, será que algum dia terei as condições para ter um filho? Cada vez me parece mais utópica a ideia de que um dia terei estabilidade económica, laboral, relacional e emocional para que me faça sentido e seja seguro ter um filho.

Quarto, conseguirei adquirir as competências necessárias para educar uma criança? Para mim, formar um ser humano é a tarefa mais difícil, complexa e exigente que alguma vez poderemos realizar. Por isso, há uma grande responsabilidade associada a ter um filho. E se eu não conseguir? E se eu não souber? E se eu cometer algum erro grave, por desconhecimento ou descuido? E se eu fizer tudo certo, e mesmo assim não for suficiente?

Por outro lado, quando vejo um miúdo fofo na rua ou no trabalho, penso automaticamente: será que não me vou arrepender, que não vou sentir que estou a perder uma parte muito importante da vida ao não experienciar a maternidade? Mas os motivos que me levam a pensar que até gostaria de ter um filho são, geralmente, um pouco egoístas e egocêntricos.

Agrada-me a ideia de ter uma família grande, belos almoços ao domingo, não envelhecer sozinha e sem ninguém para cuidar de mim. Além disso, fico genuinamente feliz quando vejo bebés a transformarem-se em crianças alegres e carinhosas, que, mais tarde, se tornam adolescentes conscientes e inteligentes, jovens esforçados e talentosos, adultos interessados e competentes. Isso faz-me questionar se também eu não gostaria de poder fazer parte deste bonito ciclo.

Cada vez mais a hipótese de adotar uma criança me faz mais sentido. Todos os argumentos “contra” que se prendem com a gravidez e o trazer mais um ser humano para este mundo assustador caem por terra. Ficam os dois últimos, que me parecem os mais desafiantes. Dizem também que o processo de adoção não é nada fácil, mas a ideia de dar mais oportunidades a uma criança de vingar na vida (entenda-se ser feliz) põe-me logo um sorriso na cara.

Ainda só tenho 23 anos, pelo que ainda me falta bastante tempo para continuar a interrogar-me com todas estas questões existenciais, mas são tão importantes. Para aqueles que podem achar que estou a complicar aquilo que é apenas o mais natural da vida: eu acho que vocês simplificam demasiado. A decisão de ter um filho nunca deve ser tomada de ânimo leve. Nunca. Porque se não for para amar, cuidar e apoiar incondicionalmente, mais vale não procriar.

Partilhe este artigo:

Sou Psicóloga Júnior na “Casa Maior”, uma residência sénior no Porto. Fiz o meu percurso académico na universidade de Aveiro, sendo mestre em Psicologia da Saúde e Neuropsicologia. Fiz parte da primeira geração de estudantes embaixadores OPP e sou também recrutadora na “Reconhecer o Padrão”.

Contraponha!

Discordou de algo neste artigo ou deseja acrescentar algo a esta opinião? Leia o nosso Estatuto Editorial e envie-nos o seu artigo de opinião.

Mais artigos da mesma autoria:

MAIS AUTORES