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União Europeia: Repensar – é preciso?

"A reeleição de Donald J. Trump e o regresso de uma política externa americana fortemente centrada nos interesses internos dos Estados Unidos, representam um desafio existencial para o equilíbrio estratégico da NATO...

Tempo de leitura: 5 minutos

A reeleição de Donald J. Trump e o regresso de uma política externa americana fortemente centrada nos interesses internos dos Estados Unidos, representam um desafio existencial para o equilíbrio estratégico da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

Ao mesmo tempo, este momento histórico reforça a necessidade de Portugal e da União Europeia avaliarem cuidadosamente a sua posição no quadro geopolítico, num contexto em que os Estados Unidos parecem cada vez mais inclinados a redirecionar os seus recursos para o Pacífico, onde enfrentam o desafio estratégico da ascensão da China.

Desde a sua fundação em 1949, a NATO foi moldada pela liderança americana. O papel dos Estados Unidos não se limitava à sua superioridade financeira e militar, mas estendia-se a uma visão de estabilidade transatlântica que favorecia os seus próprios interesses globais. Durante a Guerra Fria, a Europa era o epicentro da competição com a União Soviética, e a NATO servia como ferramenta indispensável para conter o avanço soviético. No entanto, o colapso do Bloco de Leste, em 1991, e as transformações subsequentes no sistema internacional diminuíram progressivamente a centralidade da Europa nos cálculos estratégicos de Washington.

O foco americano deslocou-se para o Pacífico nas últimas décadas, impulsionado pelo crescimento económico e militar da China e pelas tensões crescentes no Indo-Pacífico. A visão de Trump, que nunca escondeu a sua relutância em financiar compromissos internacionais que não beneficiassem diretamente os interesses americanos, acentuou esta tendência. Mais do que exigir aos aliados europeus o aumento das suas contribuições para a NATO, um pedido já comum em administrações anteriores, Trump, em face da falta de reforço de investimento dos demais membros, parece começar a questionar a relevância da própria Aliança, num momento onde os Estados Unidos enfrentam desafios mais urgentes noutras frentes geopolíticas.

Este redirecionamento coloca a União Europeia perante um dilema crítico. Por um lado, o aumento das contribuições europeias para a NATO nos últimos anos revestem uma tentativa de sinalizar um maior empenho, mas a disparidade entre os recursos americanos e europeus permanece evidente. Por outro lado, e tendo em conta que esta parece ser a posição americana, está relançada a discussão sobre a crescente necessidade de uma maior autonomia estratégica europeia, incluindo a possibilidade de criar uma força militar própria. No entanto, essa ideia não só enfrenta obstáculos práticos e políticos, como a desigualdade estrutural entre os Estados-membros, como também levanta dúvidas sobre a capacidade da Europa para substituir a NATO como pilar da segurança coletiva, ou, se esse é, sequer, um objetivo. 

Para Portugal, a perspetiva de um exército europeu pode apresentar, mediante uma análise superficial, mais riscos do que benefícios. Num cenário dominado por potências como França e Alemanha, os interesses estratégicos de Portugal, especialmente no Atlântico, poderiam ser negligenciados. A Base das Lajes, um ativo essencial para as operações da NATO e para a projeção de poder dos Estados Unidos no Atlântico Norte e Médio Oriente, é um exemplo claro de como Portugal beneficia do atual enquadramento da Aliança. Sob uma estrutura europeia, a centralidade geopolítica de Portugal poderia ser desvalorizada em favor de outros centros de decisão, localizados mais próximos do núcleo continental europeu.

A NATO, pelo contrário, permite a Portugal capitalizar a sua localização estratégica e manter um papel relevante na segurança transatlântica, beneficiando não só diplomaticamente, mas em termos de financiamento e reforço das suas fileiras militares. O modelo atual, onde os Estados Unidos lideram a Aliança, mas trabalham em parceria com os países europeus, oferece um equilíbrio que beneficia os estados-membros de menor dimensão. Um exército europeu, mesmo que viável, refletiria, muito provavelmente, as disparidades internas da UE, deixando os países menores em posições marginalizadas.

A realidade é que, embora a Europa deva reforçar as suas capacidades defensivas e procurar maior autonomia, a substituição da NATO por uma estrutura exclusivamente europeia poderia significar um erro estratégico. Portugal, em particular, teria muito a perder nesse cenário. A Aliança Atlântica garante uma proteção coletiva robusta, enquanto reforça o papel de Portugal como um ator relevante na segurança do Atlântico Norte. 

Num mundo em transformação, onde os Estados Unidos claramente reavaliam os seus compromissos globais, a melhor estratégia para Lisboa e as demais capitais europeias, deverá ser a de cumprir os compromissos internacionais assumidos há décadas e continuar a investir na NATO, cumprindo com o protocolo estabelecido, aproveitando as vantagens do atual equilíbrio entre os interesses americanos e europeus.

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Fernando Almeida Marques. De Cortegaça, mas atualmente em Lisboa. Jovem. Advogado. Presidente da juventude do PSD Ovar.

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