Apostar na juventude não é apenas acreditar no futuro: é assumir a responsabilidade de renovar a política, fortalecer a democracia e garantir que esta continua a ser feita por todos e para todos.
A política, em especial a política local, não pode ser um espaço fechado nem um território reservado a nomes que se repetem em ciclos sucessivos. Se é verdade que a experiência é insubstituível, não é menos verdade que a energia, a inovação e a visão crítica da juventude são hoje absolutamente indispensáveis. Os jovens não podem estar apenas sentados na plateia do espetáculo democrático; têm de subir ao palco, participar ativamente e assumir papéis de liderança.
É, por isso, fundamental que os partidos compreendam que a presença de jovens nas listas eleitorais não pode ser encarada como um mero ornamento ou como sinal de modernidade aparente. A sua inclusão deve ser um ato de coragem política, que demonstra confiança num projeto capaz de responder aos problemas do presente e, ao mesmo tempo, projetar soluções sólidas para o futuro. Apostar na juventude não é apenas acreditar no futuro: é ter a audácia de afirmar que esse futuro começa agora.
Contudo, importa reconhecer a dificuldade crescente de cativar jovens capazes para a vida política. Num tempo em que a política muitas vezes é vista como palco de ataques pessoais, de populismos fáceis e de promessas vazias, convencer os jovens a participar exige mais do que palavras bonitas — exige credibilidade, seriedade e autenticidade. Por isso mesmo, quando um projeto político consegue mobilizar e integrar jovens preparados, empenhados e conscientes, isso é sinal inequívoco da sua qualidade.
Não podemos continuar a reduzir a participação juvenil àquilo que tantas vezes se verifica: jovens chamados para segurar bandeiras, montar palcos ou animar comícios. Essa é uma visão redutora e injusta, que esconde o essencial. Os jovens são – e devem ser – verdadeiros agentes decisivos da mudança, capazes de renovar ideias, introduzir novas formas de pensar e devolver frescura a um sistema que, por vezes, se arrisca a cristalizar. Mas este caminho é de duas vias: se a juventude traz consigo, por um lado, a energia e a inovação necessárias para arejar a política, por outro, está também no momento certo para aprender com os mais experientes, recolhendo ensinamentos que só a vivência e o tempo permitem consolidar. É nessa conjugação de esforços — frescura e sabedoria, ousadia e experiência — que reside a verdadeira força transformadora da política.
Mas a importância da juventude vai ainda mais além. A democracia, para ser viva e sólida, precisa de ser continuamente defendida e reinventada por cada geração. Se os jovens de hoje não se interessarem pela vida pública, se não se sentirem parte das decisões que moldam o seu presente, dificilmente se tornarão amanhã os verdadeiros guardiões do Estado de Direito Democrático. E sem essa renovação constante, a democracia corre o risco de se transformar numa casta, onde reinam feudos e senhores, habitada por poucos e distante de muitos.
Apostar na juventude é, pois, mais do que um gesto de esperança; é uma responsabilidade acoplada a um ato de coragem. É garantir que o futuro não fica adiado, que a política não se torna um espaço exclusivo de elites acomodadas e que a democracia continua a ser o que deve ser: uma construção feita por todos e para todos.
O futuro chama-se juventude. Mas a juventude, quando chamada, tem de se dizer presente — não amanhã, não daqui a uns anos, mas já hoje – apenas assim o presente terá futuro.