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“Olha que piso bom!”. Este é um dos primeiros comentários que qualquer condutor de veículos motorizados exprime ao ver uma nova estrada, autoestrada, ou via rápida remodelada. Como na maioria das obras públicas em Portugal, bonito é só no dia da inauguração. Afinal de contas, os responsáveis pela gestão pública têm memória curta e, passado um dia, esquecem-se de que é necessária a manutenção em tudo o que tem mão humana.

Buracos, tampas baixas, tampas altas e piso desnivelado são o desafio diário recorrente dos condutores portugueses. Por que é que estes desafios não são reduzidos? Porque não há uma adequada conservação das vias rodoviárias. Esta conservação é mais do que devida, tendo em conta que, por números da Pordata, há mais de 7 milhões de veículos a circular em cerca de 70.000 km de vias rodoviárias em Portugal. O desgaste contínuo do piso das nossas estradas leva a que a sua conservação tenha de ser realizada com maior frequência, com mais custos públicos.

Tomando como exemplo os dados disponibilizados pelas Infraestruturas de Portugal (IP) no ano de 2023, a sua rede de exploração era de 14.860 km, tendo sido investidos em conservação periódica mais de 53 milhões de euros. Apesar deste valor ter vindo a subir nos últimos anos, como em muitas outras questões da gestão pública, continua a ser insuficiente.

Quanto à gestão das vias municipais, as frequências de intervenção são muito variadas. Conseguimos detetar, em certos territórios, qual é a fronteira entre municípios só pelo descuido da conservação do piso nuns e pela boa conservação noutros.

Muitos se questionam: qual poderá ser a solução? A solução passa por investir mais na conservação e aplicar planos de manutenção preventiva e de contingência para manter sempre as vias com qualidade de circulação. Afinal, para que é que servem as estradas, se não para circularem veículos rodoviários? A experiência de uma estrada com buracos já pode ser vivida noutros locais, como nos carrosséis das festas locais, e podemos deixar que se mantenha por aí.

O leitor não pretende que o dinheiro de todos seja aplicado nestas melhorias? Deixo então a seguinte sugestão: no caso de passar por cima de um buraco na estrada e a sua viatura sofrer danos, fotografe o buraco, chame as autoridades ao local, contacte a entidade responsável pela via para comunicar a ocorrência e reze para que sejam benevolentes com a sua situação.

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