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No início deste ano, perdemos uma das figuras mais notáveis da economia contemporânea, Maria da Conceição Tavares, que faleceu aos 94 anos em Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Professora universitária e economista de renome, Tavares era uma crítica feroz do capitalismo, destacando as suas tendências a gerar desigualdades e a priorizar o crescimento económico acima do bem-estar humano. Tavares defendia uma economia que servisse a todos, promovendo a justiça social e a equidade. Para ela, o modelo capitalista perpetuava a exploração e as disparidades sociais, criando uma sociedade onde poucos acumulam riqueza, enquanto muitos lutam por sobreviver.

Uma das suas propostas centrais era a reestruturação da economia de forma a garantir que todos tivessem acesso às necessidades básicas e ao bem-estar. Tavares defendia a redistribuição de riqueza e a implementação de políticas sociais robustas para combater a pobreza e a desigualdade. A sua visão incluía a criação de um sistema de créditos sociais ou de um rendimento básico universal, assegurando que cada pessoa pudesse viver com dignidade e segurança económica.

As ideias de Maria da Conceição Tavares trazem um olhar poderoso e inspirador para um futuro mais justo. A sua força está na crítica contundente ao sistema capitalista e na proposta de um modelo económico que priorize a equidade e o bem-estar social. A sua visão de uma economia ao serviço de todos é mais relevante do que nunca, especialmente num mundo onde a tecnologia avança a passos largos, e a automação ameaça substituir milhões de postos de trabalho.

Tavares também defendia o fortalecimento do Estado como regulador e redistribuidor, garantindo que as políticas públicas fossem orientadas para a promoção da justiça social. Ela acreditava que um Estado forte e atuante poderia corrigir as falhas do mercado e assegurar que os benefícios do crescimento económico fossem distribuídos de forma equitativa.

No entanto, as propostas de Maria da Conceição Tavares não estão isentas de desafios. A transição para uma economia baseada na redistribuição de riqueza e na garantia de um rendimento básico universal exigiria uma reestruturação profunda das nossas instituições e valores. Haveria resistência, especialmente daqueles que beneficiam do sistema atual. Além disso, garantir uma distribuição equitativa dos recursos numa sociedade automatizada seria uma tarefa complexa, exigindo novas formas de governança e colaboração global.

A crítica ao capitalismo, embora válida, pode ser vista como excessivamente idealista por alguns. Implementar as suas ideias num mundo globalizado, onde o capital e as mercadorias se movem livremente, mas as políticas fiscais e sociais são determinadas por Estados-nação, é um desafio monumental. As suas propostas iriam requerer um nível de cooperação internacional e de consenso político que poderia ser difícil de alcançar.

Ao analisarmos as visões de Maria da Conceição Tavares, é crucial questioná-las de forma construtiva no contexto da economia, política e razão. É possível criar uma economia mais justa sem comprometer a eficiência e a inovação que caracterizam o capitalismo? Como podemos assegurar que a redistribuição de riqueza não desencoraje o empreendedorismo e a criação de valor?

Uma possível resposta reside na necessidade de encontrar um equilíbrio entre as forças do mercado e as intervenções do Estado. Em vez de abolir o capitalismo, poderíamos explorar formas de reformá-lo para que ele sirva melhor os interesses de todos. Isto poderia incluir a implementação de políticas fiscais mais progressivas, a promoção de empresas sociais e cooperativas, e o incentivo à responsabilidade corporativa.

Além disso, a inovação tecnológica poderia ser direcionada para melhorar a qualidade de vida e reduzir as desigualdades. A automação e a inteligência artificial têm o potencial de transformar a economia, mas é essencial garantir que os benefícios destas tecnologias sejam amplamente distribuídos. Isto requer uma abordagem proativa na educação e na formação, preparando as pessoas para os empregos do futuro e garantindo que ninguém seja deixado para trás.

Honrar a memória de Tavares implica continuar a explorar e debater as suas propostas, adaptando-as às realidades contemporâneas. A sua crítica ao capitalismo e a sua defesa de uma economia ao serviço de todos são mais pertinentes do que nunca. Ao imaginar um mundo onde a justiça social é uma prioridade, seguimos os passos de Tavares rumo a um futuro diferente, onde a economia serve o ser humano, e não o contrário. A sua visão de um mundo mais equitativo e justo oferece um farol de esperança num tempo de incertezas e desafios.

Com uma vida marcada pela coragem intelectual, Maria da Conceição Tavares deixa-nos um legado inestimável de pensamento crítico e de esperança. O seu trabalho desafia-nos a repensar o futuro, a lutar por uma sociedade mais justa e a acreditar na possibilidade de um mundo melhor. Que o seu espírito continue a inspirar-nos na busca por uma economia que sirva a todos, promovendo a dignidade, a equidade e o bem-estar para todos os seres humanos.

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