Já parece quase uma história de um passado longínquo, para muitos já nem interessa, mas não. Foi no recente 7 de outubro que o Médio Oriente foi propositadamente abalado, sublinho, propositadamente, por um vil, bárbaro, sanguinário (confesso ter dificuldade nos adjetivos) ataque a povoações do estado de Israel pelo grupo terrorista Hamas.
Sejamos claros, o Hamas atacou povoações onde violou, queimou, fuzilou à queima-roupa, raptou, decapitou cidadãos israelitas pelo simples facto de serem judeus com a desculpa da luta palestiniana pela existência do seu estado (curiosamente, quase sempre foram os palestinianos e o mundo árabe a boicotar a criação do seu estado, mas adiante), mas a verdade é outra!
Bem sabemos (ou deveríamos saber) que, na região, salvo raras exceções, a realidade política é dantesca e preocupante: guerras civis, estados falhados, estados ditatoriais sanguinários, no fundo, atores cuja preocupação única é a destruição do estado de Israel e, se puderem, a aniquilação da europa cristã. De todos eles, destaco o Irão. Desengane-se quem julga estes ataques como obra única e exclusiva do Hamas, todos estes atores que supra mencionei prepararam e apoiaram o Hamas, no sentido de provocarem este acontecimento e a expectável resposta de Israel, ação que mais uma vez inviabilizaria soluções pacíficas para uma futura coexistência de dois estados. Foi premeditado, não duvido.
Talvez os ataques do Hamas não tenham mesmo acontecido no vácuo e eu tenha de finalmente concordar com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). De notar que esta frase infeliz, em plena sessão do conselho de segurança, que a imprensa, corpo diplomático, o próprio governo e o conjunto de estados e partidos, cuja orientação política é pouco recomendável, se apressaram a aplaudir, nada mais quer dizer do que o total afastamento da ONU e alheamento relativamente à agressão de que Israel foi alvo e à perseguição dos judeus. Quem diz a ONU, que já peca por muito ativismo tendencioso, diz o seu secretário-geral, que é bastante seletivo nas suas condenações e chamadas de atenção para os problemas da humanidade. Por exemplo, ninguém ouve o senhor António Guterres preocupado com os campos de concentração que a China possui para encarcerar minorias, ou até com o próprio caso da agressão russa à Ucrânia, ao qual, a meu ver, dedicou pouca energia, ou, se quisermos, com a expulsão de refugiados afegãos pelo Paquistão, cerca de 200 000, entregues à sorte dos talibã.
As curiosidades, porém, não se ficam pela tendenciosa ação (já histórica, aliás) da ONU face a Israel e ao sofrimento do seu povo. Posso também abordar o aparente direito divino dos povos islâmicos naquela região (ao arrepio da história até), o clamoroso levantamento da esquerda radical em apoio ao “ povo palestiniano”, ignorando os ataques de dia 7 de outubro e tendo uma posição muito estranha quando comparada com a que tiveram aquando da invasão da Ucrânia (nada que me tenha surpreendido vindo de quem vem), ao financiamento europeu que aparentemente serviu para construir uma rede de túneis e armas, enfim, um sem número de evidências que nos deveriam preocupar como sociedade ocidental.
Creio, como ocidental e sujeito de direitos e liberdades, um cidadão que preza a liberdade e a democracia, que um apoio a Israel e a compreensão por parte do ocidente deveria ser uma decisão relativamente fácil: de um lado está a selvajaria, o autoritarismo e, à boleia do extremismo, o total desrespeito por direitos humanos básicos; do outro, está, como eu gosto de designar, o “oásis no meio do deserto”, a meu ver, é o que Israel representa naquela região. É um país democrático, onde qualquer cidadão consegue aquilo que em Gaza, e na maioria dos estados vizinhos, não se consegue: liberdade.
Quando em manifestações, na Europa, ouço “do rio ao mar, a palestina será livre”, a conclusão é simples. Não há de forma alguma uma abertura para um compromisso sério de dois estados por parte dos palestinianos ou então teremos de admitir que nem toda a gente é contra o Hamas e aquilo que o Hamas professa, que nada mais é do que a destruição do estado de Israel.
A sociedade ocidental tem de ser clara e corajosa nas posições que irá tomar e já o deveria ter sido nas posições que tomou. Não devem existir “meios” compromissos ou “meios” apoios. Tem de haver uma resposta clara contra o extremismo e a ameaça à paz. Tal não implica, obviamente, esquecer as horrendas imagens que nos chegam de Gaza todos os dias, onde a população, grande parte inocente, é dilacerada por bombardeamentos das forças armadas israelitas na tentativa de eliminação do Hamas. É um caso sério, chocante, mas que deixa questões: se se admite o direito de Israel à defesa, como se pretende que o faça? E para quem não o admite, ou só de forma envergonhada o faz? Como pretendem essas vozes solucionar a questão de um grupo terrorista que pretende a eliminação de um estado e declara que tudo fará para o conseguir? Porque não uma força de paz da ONU que garanta a normalidade na região até ao eventual acordo dos dois estados? As dúvidas que surgem são bastantes e devem dar que pensar. Não podemos simplesmente exigir tudo e mais alguma coisa a Israel, falar de direito humanitário em todos os horários de notícia e não apresentar uma única solução para a erradicação do Hamas.
Termino, de forma breve, dando uma nota que me parece relevante. É triste ver que a informação transmitida pelos meios de comunicação ocidental se baseia quase exclusivamente em uma única fonte: o Hamas. É, infelizmente, revelador do estado a que se chegou no Ocidente, um grupo terrorista diz que num ataque faleceram x indivíduos e o canal noticioso apresenta os números como fidedignos. Choca qualquer um, ou deveria chocar. Outro assunto que deveria chocar é a facilidade com que se omite informação, a questão do cerco a Gaza e a ocupação. É falso, Gaza não está cercada, tem a fronteira com o Egito, assim como não há ocupação absolutamente nenhuma, pelo menos em Gaza. Admito que acontece noutras partes do território, mas há um dado que não podemos ignorar. Israel foi várias vezes invadido e é mais do que normal que tenha anexado partes de território.
Pintura de capa por Émil Signol
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