Às vezes prefiro não ouvir a voz da experiência para que possa experienciar a vida

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Quando… Quando já não for assim… Quando lá estiveres… Quando chegar a altura… Quando… Dizem-nos. Como se o tempo bastasse para que tudo mudasse, como se fosse uma mera questão de quando e como se fossemos todos iguais. Os professores declaravam ser “bonzinhos” com a desculpa do “quando estiverem na faculdade, vai ser muito pior”. Mediam a nossa rapidez e o nosso esforço como quem mede um futuro e foram-nos assustando, “preparando” (desculpem, é esse o termo que usam). Os colegas ou amigos contam-nos as suas histórias como se fosse uma profecia e não a experiência de uma outra pessoa. Já os filmes, ou séries (agradam-me ambos) tendem a moldar-nos expectativas e sonhos desadequados que nos  deixam a desejar que o quando chegue rápido.

O Quando chegou e afinal não é assim tão diferente. Aguardamos tanto tempo para que tempo mudasse tanta coisa, só para percebermos que quem muda somos apenas nós. Aquilo que vivemos não é sempre o mesmo e aquilo que cada um vive faz diferença, mas porquê tanta ânsia? Porquê tanta pressão? Uns dizem que não passarás os próximos anos sem noites a estudar e outras, provavelmente, a chorar, mas nem todos dizem o mesmo e há quem diga que são os melhores anos da tua vida.

Mas porque queria eu saber disso? Todos já fizemos coisas que não queríamos, em momentos que não nos apetecia. Todos já choramos de raiva ou já nos stressamos por ter tanto que fazer. Acontece, e se nunca te aconteceu, um dia, por qualquer razão, acontecerá. Assim como não me parece o melhor assumir que os melhores anos da tua vida são numa altura tão precoce dela, é suposto isso fazer-me sentir bem ou triste pelo futuro nada promissor que terei depois dos 22? De todas as frases que nos foram ditas, a que mais gostei foi “ é uma nova etapa”, porque isso sim é uma afirmação nada subjetiva e bastante factual daquilo que estamos prestes a viver. É apenas uma nova etapa como tantas outras pelas que passamos e como tantas outras que iremos passar. Vamos aprender e vamos errar e vamos ser o que quisermos.

Após algumas semanas de faculdade já ganhei as minhas manias, já criei os meus truques… Nem quis saber da praxe, mas há quem tenha ido e não tenha ficado e há quem tenha ido e tenha adorado. Há quem queira trajar seja como for e há quem só se envolva nos “clubes” para o poder fazer, ou ainda quem não queira participar de todo. Não é por te distanciares destas atividades que não tens espírito académico e não é por participares em todas que te estás a perder.

Não será apenas por ires a todas as aulas que serás o melhor aluno. Felizmente, cada um tem o seu modo de aprender, assim como não é necessariamente por não apareceres na faculdade que não sabes o que estás a fazer. Toda a gente te vai dar opiniões e dicas, mas tu com o tempo vais descobrir as tuas próprias, o que é que tu queres e o que é que para ti funciona. Não, os professores não vão ser todos terríveis, pelo contrário. Ao oposto do que em tempos se via, a maioria parece mesmo gostar do que faz e não só. Somos todos (ou quase todos) adultos, o que a meu ver torna o respeito e o diálogo uma coisa muito simples, e devo dizer, por muito que digam que os amigos que fazemos na faculdade são para a vida, que estou é contente por não sentir que temos de fazer amigos. De todas as pressões que vivemos, a de criar amizades e ter um extenso grupo não é uma delas. Não quer dizer que não o possas fazer, mas salienta a minha ideia de que, acima de tudo, devemos ser livres e explorar esta nova etapa sem pensar nas histórias dos outros ou nas memórias que deveríamos estar a fazer.

Assim, para ti que começaste ou vais começar uma nova etapa, não vivas por antecipação, nem tentes viver aquilo que não é teu. Com o tempo descobrirás o teu caminho, as tuas formas e tudo será como devia ser.

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