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Sempre que existem tragédias, das quais resulte o sofrimento de alguém, assiste-se a um fenómeno de união de grupos de pessoas, que muitas vezes não têm qualquer vinculação entre si, a não ser o facto de unirem esforços no sentido de aliviar o sofrimento alheio.

Isto levou-me a questionar:

Serão a solidariedade e a empatia 2 faces da mesma moeda?

A solidariedade é encarada como sendo a manifestação da empatia entre os seres humanos, apesar de este não ser um comportamento exclusivamente humano, uma vez que noutras espécies também se observam manifestações do mesmo género.

Contudo, a solidariedade é muito mais que isso. É um comportamento que simboliza e evidencia a influência dos processos emocionais em tudo aquilo que fazemos.

Este, como qualquer comportamento, é uma manifestação das emoções, e depende de um processo que se chama identificação.

Quero com isto dizer que as pessoas se identificam mais com quem já tenha passado por experiências semelhantes às suas, ou com pessoas que passem por situações que os outros tenham medo de poder vir a passar.

Os comportamentos de natureza social e gregária também funcionam em grande parte de acordo com esse processo de identificação. É por isso que quando alguém se encontra inserido num grupo pode manifestar pensamentos, atitudes ou comportamentos que não teria de forma isolada.

Os mecanismos emocionais responsáveis por estes processos assumem maior força, quando se trata de experiências de natureza negativa ou traumática. Assim sendo, naquelas situações em que o sofrimento abrange um número elevado de pessoas, existe uma tendência geral para a união em torno daqueles que sofrem.

Na verdade, este processo não tem nada de transcendente, funcionando como qualquer outro processo emocional e depende exactamente dos mesmos mecanismos.

No entanto é espantoso como o sofrimento, o desamparo, o medo e o desespero têm o poder de catalisar em diferentes pessoas, que nem sequer se conhecem entre si, comportamentos de natureza similar, que têm como objectivo aliviar o sofrimento alheio. Pode-se observar isso, por exemplo, quando se dá uma tragédia, perante a qual centenas de voluntários se disponibilizam para apoiar as vítimas.

Por isso é natural que apesar da crise, da diminuição do poder de compra e das dificuldades que se avizinham para todos, os comportamentos de natureza solidária tenham aumentado.

É um processo expectável, de acordo com o que tentei explicar até aqui.

São as emoções, esses fantásticos mecanismos de sobrevivência que a evolução nos proporcionou, que neste caso operam ao serviço da união de todos, com o intuito de ajudar alguns, aumentando assim as probabilidades de sobrevivência da espécie.

Parece simples, mas não deixa de ser maravilhoso, que os processos emocionais responsáveis pela empatia e solidariedade que nos tornam mais humanos, sejam afinal faces duma mesma moeda que se chama sobrevivência.

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