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O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão direta, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões. Por outras palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os diretos dos outros.

Um aspeto que é importante a ter em conta é que NINGUÉM é 100% assertivo com todas as pessoas e em todas as situações. Para cada pessoa, a facilidade que tem em comportar-se de forma assertiva depende muito da pessoa a quem esse comportamento se dirige (pais, professores, amigos, namorado/a, crianças, colegas, chefe, patrão, etc) e da situação em que se encontra (auto afirmação, expressão de sentimentos positivos, expressão de sentimentos negativos, etc).

Quanto muito, pode-se dizer que a pessoa assertiva ser capaz de se comportar com assertividade não é uma característica inata, que se tem ou não. O que acontece é que, as aprendizagens que uma pessoa fez ao longo da vida conduzem a que, no momento atual, ela tenha ou não a capacidade de se comportar de forma assertiva. Embora seja difícil dizer quais os motivos que fizeram com que, no presente, determinada pessoa tenha dificuldade em se comportar de forma assertiva com determinadas pessoas e em determinadas situações, existe um conjunto de fatores que podem ser considerados. Por exemplo, muitas vezes as pessoas têm dificuldade em se comportar de forma assertiva em determinados momentos porque, no passado, foram repetidamente punidas, física ou verbalmente, por se expressarem em momentos semelhantes.

A assertividade é uma escolha. Da mesma forma que determinada pessoa aprendeu a comporta-se de forma não assertiva, pode aprender um conjunto de competências que lhe permitam comportar-se com maior assertividade. Que vantagens tem em fazê-lo?

A resposta a esta questão pode ser dada, em primeiro lugar, pela análise das consequências de cada tipo de comportamento. É importante não esquecer que os comportamentos que temos não ocorrem num vácuo – eles repercutem sobre a pessoa que os tem e sobre aquele que os recebe, quer de forma imediata, quer a longo prazo. O que acontece é que, ainda que os comportamentos não assertivos tenham, a curto-prazo, algumas consequências positivas para o próprio (que é, aliás, o que explica que se mantenham), as suas consequências são, num balanço global, negativas; os comportamentos assertivos são, por outro lado, quase universalmente vantajosos.

Se ainda não estás convencido, tem em atenção o seguinte: a assertividade, depois de aprendida, poderá vir a ser mais uma ferramenta, de entre o conjunto de que já dispões. Nada o obriga a utilizá-la, mas caso ela se venha a revelar necessária, é bom saber que lá está.

A primeira mudança é interna, e passa por adquirir conhecimento dos direitos que te assistem (e, igualmente, a cada uma das pessoas que o rodeiam). Uma amostra destes direitos poderá ser a seguinte:

  • Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu estatuto social.
  • Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros.
  • Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.
  • Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e de pedir o que quero.
  • Eu tenho o direito de dizer não sem me sentir culpado por isso.
  • Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém. 
  • Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.
  • Eu tenho o direito de mudar de opinião. 
  • Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou de tomar uma decisão. 
  • Eu tenho o direito de dizer «eu não estou a perceber» e pedir que me esclareçam ou ajudem.
  • Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado. 
  • Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objetivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.

O passo seguinte é o de defender os teus direitos de uma forma que seja eficaz. Isto requer a aquisição e treino de um conjunto de aptidões. De entre o seguinte conjunto de técnicas, escolhe aquelas que pensas que serão mais úteis, e adapta-as ao teu estilo pessoal: ser claro, conciso e específico; usar frases na 1ª pessoa; criar empatia; respeitar os outros; pedir mudança de comportamentos; oferecer-se para mudar quando justamente criticado.

Cerca de 70% daquilo que o recetor percebe da mensagem é fornecido através do comportamento não verbal do emissor – a linguagem corporal adequada confirma e sublinha o que se diz, pelo que deve ser concordante com o conteúdo da mensagem.

A assertividade não garante a não ocorrência de conflitos entre duas pessoas; o que acontece é que, se duas pessoas em desacordo comunicam de forma assertiva, é mais provável que reconheçam que existe um desacordo e tentem chegar a um compromisso ou, simplesmente, decidam manter a sua posição respeitando a do outro. Em todo o caso, tu só és responsável pelo teu próprio comportamento – se a outra parte do conflito decidir comportar-se de forma não assertiva, o problema é dela.

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