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Dizem eles que vivem mais tempo, que somos todos companheiros de viagem e que nos deveríamos apoiar uns aos outros. Que utopia maravilhosa pensar que alguma vez o ser humano ajudaria alguém sem ter algum tipo de benefício próprio. 

Existem várias formas de viver e de estar na vida, aquela que seguir este princípio está a viver a humildade na sua forma mais pura. Só alguém mais do que inteligente consegue depreender da vida que tudo isto que fazemos, sentimos, produzimos, etc. é para as pessoas, e é feito por pessoas.

Eu nunca conseguiria defender o ponto de vista de que somos todos companheiros de viagem, ou, pelo menos, não a totalidade dele. Os meus companheiros prefiro ser eu a escolhê-los, porque com boa companhia uma viagem longa passa em instantes, como se nunca o chegasse a ser. 

A vida são viagens, passamos a maior parte dela em mudança, seja por nossa vontade, por vontade dos deuses, por obrigação, seja pelo que seja. E o mais importante é criarmos memórias, mas das boas, e acima de tudo, conhecer bons companheiros de viagem, daqueles que nos acompanharão na viagem da vida.

Na minha vida de recém-nascido pode-se dizer que já fiz algumas viagens, e posso também dizer que conheci bons companheiros, seja para que etapa da vida for. Muitos viajaram a meu lado e escolheram outros ventos, e outros tantos continuam a apreciar a linha do horizonte comigo. 

O que me faz questionar muitas vezes: porque será que alguns tentam desviar as viagens dos outros? Fará parte da viagem deles próprios? É a prova de que a maldade existe? Ou é apenas a realidade a comprovar os defeitos crónicos do ser humano?

Não sou do tipo que faz este tipo de desvios, adotei uma forma de estar que me faz viver muitas vidas. Passo a vida em trocas infindáveis, trocas de experiências que me fazem sentir vivo, trocas de conhecimentos, trocas de tudo aquilo que possua nome. E sabem que mais? Sinto-me vivo, porque ao mundo eu dou o que recebo. 

E digo-vos: acho que recebo muito mais do que algum dia poderei oferecer. Acredito que estar sempre de braços abertos para o mundo e a ouvir as pessoas nos pode trazer os melhores momentos e os melhores companheiros de viagem que existem. 

E em que situações? Em todas! E como? Dizendo mais que um bom dia ao carteiro, ouvindo os velhinhos no autocarro e na tasca, aquela senhora que todos os dias apanha o metro na mesma paragem que nós, o senhor que serve à mesa no café, o desafortunado do sem-abrigo por quem passamos antes de chegar ao trabalho. 

Estas eram algumas das oportunidades de viver que eu perdia, mas hoje não perco mais. Descobri coisas incríveis, ensinei algumas também, e a cada dia que passa acontece uma situação nova engraçada. E se acontecer algo menos bom, há males que vêm por bem, de todas as situações podemos retirar uma lição. 

Estarmos abertos ao mundo dá-nos a conhecer quase que uma parte secreta dele, onde as oportunidades surgem e nós nem damos conta que as estamos a agarrar. Portanto, sim, somos todos companheiros de viagem, a partir do momento em que trocamos a primeira história e nos perdemos naquela conversa longa e sem fim. 

Acredito que seja por ser do norte de Portugal, dizem que é uma característica destes lados. Se assim o é, que bom ter nascido no Porto. No centro do mundo. Viagem na vida! O preço a pagar é viver muitas vidas.

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